Sintonia Afetiva Emocional na Dança Relacional: Como Fortalecer e Transformar seu Relacionamento

           Você percebe os sinais emocionais que envia e recebe do seu parceiro ou parceira diariamente? Seja por uma fala, um comportamento, um ato, uma ação ou falta de ação? Você percebe como esses sinais chegam até você?  E tem alguma noção de como os seus movimentos chegam para o outro? 

           Nós seres humanos, como mamíferos, temos uma necessidade muito básica de conexão emocional e utilizamos os mesmos mecanismos de sobrevivência que são ativados quando não sentimos uma conexão segura com quem nos relacionamos.

           Observamos em casais esses mecanismos claramente serem ativados através de comportamentos considerados como problemáticos. Muitas vezes esses comportamentos parecem incoerentes ou adota-se um discurso focado no erro individual, como considerar que a pessoa é imatura, que é uma pessoa difícil de lidar, tem um transtorno de personalidade, alguma questão com a mãe, pai ou não tem habilidades para se relacionar. E eu acho essa perspectiva das emoções pautada em teorias do apego interessante para circularmos por outras formas possíveis de olharmos para fenômenos complexos humanos.

           Principalmente nesses casos em que as pessoas nos procuram com demandas relacionadas à dinâmica relacional. Quando trabalhamos com relacionamentos, o nosso foco é sempre relacional, apesar de estarmos atentos às demandas individuais que participam da dinâmica relacional. Essa perspectiva das emoções, em vez de rotular um dos pares como problemático, foca no que acontece ENTRE eles. Nós estamos constantemente influenciando e co-regulando uns aos outros, numa interdependência com o potencial de nos oferecer segurança emocional ou engatilhar muitas coisas difíceis e sensíveis em nós. 

           Nós temos uma capacidade sofisticadíssima de captar micro expressões, tonalidade de voz, movimentos, incoerências, inconsistências e vários outros fatores que estarão comunicando algo, de alguma forma, que vai nos fazendo sentir segurança ou não segurança naquela relação. São percepções que vem antes da consciência e que nem chegamos a pensar sobre esses micro sinais, mas que foram de alguma forma captados, nos afetam e vão dando pistas sobre algo. Por isso a importância dos sinais estarem claros e coerentes com o que de fato estamos sentindo, queremos expressar, com o contexto e significados pela fala. Conversar, dialogar, esclarecer, conversar de novo e de novo e de novo…

           Quando não sentimos uma conexão segura em nossas relações, quando não temos nossas necessidades emocionais atendidas, ou sentimos medo de sermos abandonados, ou nos sentimos desamparados, não ouvidos, não vistos, desrespeitados, nosso cérebro entra em pânico e muitas vezes as pessoas não tem ideia de como sustentar essa angústia e lidar com isso. Dependendo do grau em que a pessoa estiver sensibilizada com algumas questões, isso pode ser mais ou menos difícil de conduzir naquele momento específico que a pessoa vive.

           Quando estamos sensibilizados, mal com alguma coisa, com alguma necessidade específica, precisamos de uma conexão emocional que nos ofereça acolhimento, uma escuta empática, uma presença amorosa capaz de nos confortar em toda a nossa angústia e nos amparar para conseguirmos nos sentir mais fortes, encontrar caminhos e seguir.

           Mas se a pessoa não conseguir sintonizar com as próprias emoções para entender o que ela precisa naquele momento e encontrar uma forma de enviar uma mensagem clara e coerente capaz de fazer o seu parceiro (a) compreender o que está acontecendo e sobre essa necessidade, as coisas podem ficar um tanto confusas e caóticas.

           Se a pessoa não consegue fazer isso, é muito provável que ela reaja de uma maneira muito animal entrando em um estado de luta ou fuga. Se desligue ou congele porque aquela experiência pode ser muito assustadora (como o pavor de ser abandonado) ou se afaste fugindo ou entra no embate a partir da raiva que estão sentindo, por ter tocado em um ponto sensível, e que essa forma de conduzir a situação infelizmente afasta o parceiro (a). Acabamos enviando sinais distorcidos que fomenta o oposto do que gostaríamos e necessitamos para aquele momento.

           Na terapia com casais um dos nossos focos será compreender as necessidades básicas de cada um, medos, anseios, questões, emoções e de que maneira esses componentes participam da dinâmica relacional. Assim como, analisar de quais maneiras essas participações acabam sendo mais ou menos úteis para o que o casal deseja e precisa. 

           Aperfeiçoarmos a capacidade de resposta e a acessibilidade emocional são componentes fundamentais para criarmos um vínculo seguro e cuidarmos da qualidade da relação.

TAGs :

Compartilhe:

💬 Precisa de ajuda?