Você confia no seu parceiro(a)(e) de olhos fechados ou bem abertos (desde que possa dar aquela checadinha)?

               Quando o assunto é confiança tem sempre alguém com uma opinião diferente sobre. Além de diferentes comunidades e pesquisas que tratam o tema a partir de diferentes perspectivas. Algumas Pesquisas definem a confiança como um estado psicológico baseado na expectativa de que o outro não falhará, será leal, sincero, moral. Outras compreendem a confiança como um processo que envolve intenção, comportamento, expectativas, pensamentos. Mas no final das contas, não há concordâncias universais sobre a definição disso que é uma complexa experiência humana. Para essas experiências, prefiro recorrer aos filósofos e poetas, pela sua belíssima capacidade de tatear o inexplicável de formas inéditas e surpreendentes.

               Mas o fato é que a experiência da confiança pode seguir por tantos caminhos retos ou tortos quanto podemos inimaginar. Pode, por exemplo, ser um risco quando mascarado de uma promessa. Como prometer e garantir o amanhã? Quando o relacionamento e cada um já terá mudando tanto que não mais se reconhecem. Ou quando em um golpe do acaso, cruzamos com uma história irresistível pelo caminho, daquelas que nos arrependeremos amargamente por não termos experimentado.

O amanhã é um mistério.

               Também podemos compreender a confiança como transparência. Deixo tudo às claras para que o outro tenha boas expectativas sobre o meu comportamento. Afinal, “eu não tenho nada a esconder”. Outras pessoas utilizam a confiança como uma moeda de troca. O famoso “se você quer que eu confie em você, precisa merecer”. De todas as descrições que eu já ouvi até hoje, a ideia que me deixa mais confortável foi provocada pela Rachel Botsman em seu livro “Who can you trust?”.

A confiança, nesse caso, seria um compromisso ativo com o não saber.

               Se você precisa de transparência para confiar, provavelmente não estamos falando de confiança, talvez de segurança a partir do controle ou alguma outra coisa. Ter todas as senhas do parceiro(a) que traz a segurança de poder checar, toda vez que a insegurança bate na porta. Ou de ser servil com as exigências do outro, para evitar brigas.

Confiança está mais relacionada com como você vive sem saber. Se precisa sempre saber, você não está confiando.

               Envolve a ideia de “se você confia em mim, você não precisa saber se, o que e por que estou escondendo algo ou não”. Pois confia que os acordos contratados PELO CASAL (e não por imperativos morais) estarão sendo respeitados, cuidados e que o que for importante será conversado. Confiança de que essa pessoa, essa relação, esse amor vai continuar existindo mesmo que eu não veja, mesmo que eu não cheque.

               O outro não precisa provar o seu amor o tempo todo para que eu confie que exista. E o amor pode deixar de existir, claro, e tudo bem! Mas não é a checagem do amor que fará o amor permanecer. Envolve compreender que eu existo para além do outro e o outro existe para além de mim, confiando que estaremos lá um pelo outro. Afinal, relacionamentos são eternas conexões, desconexões e a possibilidade de reconectar-se para seguirem juntos, ou separados.

Não tem a ver com o poder de checar, mas com a confiança de que isso ainda vale a pena.

Você confia no seu parceiro(a) de olhos abertos ou fechados? Confia em relação a qual aspecto?

E principalmente, você confia no seu parceiro(a) para conversar sobre assuntos sensíveis?

TAGs :

Compartilhe:

💬 Precisa de ajuda?